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Ildo Simões reflete sobre as agruras da Idosa no ônibus

  • Destaque 1-envelhescência, Envelhescência, Sub-Editoria Envelhescência
  • 2024-04-19
  • Sem comentários
  • 2 minutos de leitura

Por Ildo Simões

Há meia hora que estou aqui na droga deste ponto. Já cansei de levantar o braço e o décimo taxi não para. Esta gordura não me serve pra nada. Só serve pra aumentar a dor das juntas, o número do califon e a quantidade de apelidos que acumulo pela vida a fora. Mas também, Deus quando inventou a velhice e a gordura não se lembrou de que a gente podia passar por estes vexames. Certamente ele não é gordo, não tem junta nem peito grande e  não carrega sacolas de compras em ônibus cheio.
Desistida dos taxis que amedrontei até agora, parto para o ônibus que já vem lotado. A população já se assusta antes de a gente entrar. O motorista só pára fora do ponto que acho que é pra gente desistir, porque de longe ele vê que sou gorda, carrego sacola e não tem cadeira vazia. Entro contra a vontade das juntas que teimam em não dobrar pra subir a escada. Caio literalmente naquele poço de gente. Não há cadeira vazia. Uma mulher amamenta seu filhote que começa a berrar quando o ônibus passa num buraco que lhe tira a teta da boca. Uma mulatinha deslumbrada escreve garranchos em seu caderno, ou faz de conta porque o ônibus sacode muito. Ninguém se mexe pra ceder um pedacinho de banco. Demoro um pouco pra catar as catorze moedas pra compor o preço da passagem. Outra sina de idoso é carregar um cesto de moedas, oferecidas por parentes que se acham ofendidos por andar com este tipo de migalhas.

Justamente nesta hora o ônibus cai num buraco e eu despenco feito uma jaca madura. Um garoto grita a plenos pulmões:
-Aiiiiiiiii… meu saaaaaaco!!!!!

A mãe tenta repreendê-lo, no que ele completa: – A senhora reclama porque não é seu saco que tá espremido nesta tonelada de banha.
Com algum sacrifício tirei o pivetinho debaixo de mim, pedi desculpas e continuei sentada, não porque me tivessem oferecido lugar, mas porque não conseguia me levantar. O ônibus inteiro sorria e eu ainda não tinha me dado conta de que com o tombo minha saia se partiu e não se via mais coisa porque a barriga cobria o que já tinha sido meu parque de diversão. O ônibus só enchia, o motorista tirava casquinha numa mulata de saia mais curta que salário de pobre, que foi lhe perguntar onde ficava a Curva do Quilombo e ele começou a olhar pra ela e repetir com a cara mais safada deste mundo: qui….lombo…qui ..lombo, deu um risinho sarcástico sem se preocupar que estava perto da linha do trem. Por segundos não fomos esmagados. Aliás, eu fui. Com o freio de arrumação acabei de deixar à mostra o panorama visto da ponte, de lado e debaixo nem se fala. Só um ceguinho que estava a minha frente permanecia quieto. Naquele momento invejei sua cegueira.
Desci o resto de pessoa com os trapos que ainda me pendiam do corpo. Por milagre no meio daquela enrascada toda ainda ficou um celular com que liguei pro meu genro.
-Arnesto!! Traz a Kombi, porque me levaram a bolsa e não posso voltar pra casa.
– Naquele momento me senti uma égua veia do cu pelado. Velha ainda vá lá, mas velha e gorda, acho que foi uma sacanagem, de deus.

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