Por Gina Marocci
A capitania de Pernambuco foi concedida ao português Duarte Coelho Pereira em 1535, e ele tratou de fundar um povoado numa situação geográfica privilegiada sobre colinas próximas ao mar. Pela Carta Foral de 12 de março de 1537, concedida pelo rei ao donatário, o povoado tornou-se a Vila de Olinda, sede da capitania. A primeira construção foi o Castelo de Duarte Coelho, que determinou a construção de um edifício destinado ao funcionamento do Senado da Câmara e casa de cadeia e também a primeira igreja. Na beira-mar foram construídas estruturas de defesa para o porto e para a vila, que se desenvolveu inicialmente nas colinas e se expandiu em direção ao porto. Os inúmeros engenhos de açúcar, que fizeram a riqueza dos colonos e da capitania, foram rapidamente erguidos com o trabalho dos povos nativos capturados como mão de obra para a lavoura e para a extração do pau-brasil.

É importante salientar que o principal ponto para escoamento da produção agrícola era o porto do Recife, porque era mais seguro para as embarcações, e próximo a ele havia uma pequena colônia de pescadores que rapidamente se tornou um povoado. Ia-se de Recife para Olinda de barco, pelo rio Beberibe, ou por terra, pelo istmo que as une.

(Antônio Melcop/Prefeitura de Olinda).
Ao final do século XVI chegaram as primeiras ordens religiosas, os carmelitas (1580), jesuítas (1583), franciscanos (1585) e beneditinos (1586), que com a construção das suas sedes atraíram colonos para construir suas casas perto delas, o que definiu, assim, novas ruas em ladeiras íngremes entre colinas.

construções dos séculos XVII e XVIII.
O período da unificação das coroas portuguesa e espanhola, que aconteceu entre 1580 e 1640, foi extremamente conturbado para o Brasil. Sob a tutela dos Filipes de Espanha, o Brasil sofreu o ataque de corsários de várias nacionalidades e dos holandeses, que investiram agressivamente sobre as regiões litorâneas das capitanias, principalmente as produtoras de cana-de-açúcar. Na capitania de Pernambuco, Olinda foi tomada em 1630 e incendiada em 1631. As casas foram saqueadas e os materiais nobres serviram para construir as casas dos invasores no Recife que, por decisão do Conde João Maurício de Nassau, e do Alto Conselho, tornou-se capital da capitania.

Os holandeses permaneceram na capitania até 1654, quando D. João IV reconquistou o trono português. Olinda, então, voltou a ser a sede oficial do governo da capitania, embora os governadores residissem no Recife. A vila foi reconstruída a passos lentos, ao longo dos séculos XVII e XVIII. Em 1676, a vila foi elevada a cidade e sede do Bispado de Pernambuco. Igrejas e outros edifícios religiosos foram reconstruídos e reformados, as casas dos particulares com seus quintais, onde árvores frutíferas emprestam o verde como contraponto ao espaço construído, se mantiveram, e ocuparam as colinas e as ladeiras de acesso à beira-mar.

(Antônio Melcop/Prefeitura de Olinda), vista panorâmica do Alto da Sé (PMO).
Olinda foi capital do estado de Pernambuco até 1827, quando Recife assume definitivamente esta posição. Em 1968, o conjunto arquitetônico e paisagístico do centro histórico foi tombado pelo IPHAN, por abrigar cerca de 20 monumentos da arquitetura religiosa, pelas características de um acervo paisagístico e arquitetônico representativo de várias épocas. Em 1982, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO, sendo uma das mais bem preservadas cidades coloniais do país. Não podemos deixar de registrar os belos versos da música em homenagem a Olinda, eternizados pela voz do seu autor: Oh linda situação para uma cidadela /Mais um frevo canção eu vou cantar pra ela /É linda no verão /E no inverno é bela (Tapioca de Olinda, Moraes Moreira)