Por Cássia Reuter
A dificuldade em manter os planos de saúde na terceira idade tem preocupado profissionais e especialista na área da saúde. Hoje se tornou-se um tema urgente e relevante no cenário nacional, influenciando a vida de milhares de brasileiros.
Segundo Antonio Leitão, especialista em geriatria e gerente do Instituto de Longevidade da MAG, a dificuldade de acesso a planos de saúde individuais por pessoas acima de 60 anos não é um problema de simples solução. Primeiro, há questão financeira. “O Brasil é um país de renda média a baixa, e as pessoas não têm renda para manter um plano de saúde, à medida que envelhecem. Mesmo com a lei que impede que o preço seja reajustado em função da idade, a partir dos 59 anos, há reajsutes em função de outras fatores como a inflação”, explica o especialista.
Problemas como valores altos e cancelamentos de planos de maneira unilateral são frequentemente relatados por idosos. Os valores cobrados pelas operadoras de saúde sobem à medida que a pessoa envelhece, é inevitável. O preço praticado reflete, em primeiro lugar, o custo que os cuidados médicos ofertados àquela pessoa potencialmente pode alcançar, dadas as suas características. De uma forma geral, as pessoas mais velhas tendem a ter doenças que se agravam, pela simples passagem do tempo, e requerem, portanto, cuidados mais complexos e, consequentemente, mais caros.
A forma que a sociedade encontrou para impedir que o aumento de preço em função da idade inviabilize o acesso ao serviço pelas pessoas, foi o de estabelecer em legislação que, após os 59 anos, não pode mais haver reajuste por faixa etária, prática comum a todos os consumidores de idade inferior a essa.
Quanto ao cancelamento de planos de maneira unilateral pela operadora, deve se observar a justificativa. O fato de haver um uso muito intenso e custoso por um determinado grupo etário, por exemplo, não é considerado uma razão legítima. No entanto, a rescisão é permitida em situações de fraude ou quando o contratante deixa de pagar a mensalidade por um período que ultrapasse 60 dias, de forma contínua ou intermitente, nos últimos 12 meses de vigência do contrato.
Pessoas com mais de 60 anos já enfrentam dificuldades para a contratação de um plano de saúde. Tem algo que se possa fazer em relação a isso? Mesmo com a lei que impede que o preço seja reajustado em função da idade a partir dos 59 anos, há reajustes em função de outros fatores, como inflação. Nisso, o custo referente aos cuidados ofertados aos idosos acaba sendo repassado a todos. Os planos de saúde funcionam com base no mutualismo. Isso quer dizer o seguinte: todos pagam para que poucos usem.
Agora, com uma população mais envelhecida, há uma maior tendência de uso dos serviços médicos e, inevitavelmente, o custo praticado a cada um fica maior. Além disso, há muitos outros problemas que fazem com que o custo do plano de saúde fique cada vez maior. Alguns são de responsabilidade dos usuários (as fraudes, por exemplo), outros das operadoras (a má gestão dos processos de cuidado, gerando reinternações, por exemplo), explica Antônio Leitão.
Antônio Leitão é gerente do Instituto de Longevidade MAG e foi embaixador da rede Aging 2.0 em São Paulo. Bacharel em Psicologia (UFRJ) e especialista em Gerontologia (UERJ).